Mar Morto – Jorge Amado

Mar Morto - Jorge AmadoAssim como Zélia Gattai, esse foi meu primeiro livro de Jorge Amado e não teve como não deixar-se apaixonar pela estória de amor épica e trágica dos personagens que ilustram tão bem o cais de Salvador e o recôncavo baiano.

“É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar…”

As canções de Dorival Caymmi embalam todas as marés de calmaria e tempestade que acontecem no decorrer da narrativa, que me lembrou um roteiro cinematográfico, mais pelo ritmo e descrição das cenas do que pelo formato em si. O livro tem uma cadência diferente do que eu esperava, no início me causou estranheza, mas depois me deixei levar pela força da correnteza.

Apesar do cais ser um local muito masculino são as mulheres que transformam-se no grande poder ativador da estória. Elas são vívidas e intensas.

Nesse romance lírico que navega entre o universo pulsante do cais de Salvador e o mar – reino de Iemanjá – nasce uma estória de coragem, destino e amor entre Guma e Lívia.  A construção narrativa que alinhava a estória é objetiva, mas também mitológica; repleta de alma e baianidade linguística sendo possível sentir-se em Salvador e também sentir a forte presença de Iemanjá chamando seus filhos para cumprir seu destino no fundo do mar.

Mar morto é um livro daqueles que deixa uma saudade enorme e nos faz querer saber mais sobre seus personagens e cantigas, sobre quais serão suas próximas aventuras e conquistas pessoais. Ao aproximar-se do fim, a angústia inevitável extrapola as amarras do medo e segue seu curso e destino, como sempre haverá de ser.

 

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